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Disparidade de gênero ainda é obstáculo para mulheres seguirem carreira em ciências exatas

Espaço Lilás
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30/01/2017

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Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), as mulheres representam 55% dos estudantes que ingressaram em uma graduação presencial até 2013 e 60% dos que se formaram. Contudo, conforme o grau de instrução aumenta percebe-se uma diminuição da participação feminina nas universidades. É o chamado efeito tesoura.

Um estudo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) mostra como as bolsas de estudo se tornam mais escassas para as mulheres à medida que o nível de pesquisa avança. Entre as bolsas de iniciação científica, 59% está em poder das alunas, enquanto apenas 36% das bolsas de pesquisa de excelência são delas. A explicação para esse resultado se encontra em diversos obstáculos que acompanham as mulheres desde a escolha de suas carreiras e seguem prejudicando sua permanência.

Um deles é a noção de que existem carreiras “para homens” — as ciências exatas — e “para mulheres” — mais ligadas às ciências humanas. Nessas duas esferas a presença feminina é bastante contrastante já no início da graduação. Em 2016, 52% dos ingressantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas são mulheres e, na Escola Politécnica, 18%. O Jornal do Campus conversou com dois grupos feministas estudantis de institutos de exatas para saber mais como é viver com essa disparidade.

O Politécnicas .R.existem surgiu em resposta a comentários machistas e transfóbicos num grupo do facebook da Poli. No início do ano, alunas se organizaram para colar cartazes em toda a Cidade Universitária, mostrando situações machistas de seu cotidiano. “A carapuça serviu, um monte de gente arrancou [os cartazes] depois. Isso porque nossa denúncia incomodou”, diz Caroline Kato, estudante de Engenharia Química, à direita. Giovanna Lia, da Civil, à esquerda, e Júlia Sanches, da Minas, ao centro, também fazem parte do projeto.

Antes mesmo de entrarem na graduação, a maioria das garotas são desencorajadas a seguir carreiras na área de exatas. “Eu sofri resistência por parte dos meus pais, porque eles têm medo do ambiente masculino. Mas não foi nada demais. No técnico e no cursinho que eu sofri mesmo. Um professor uma vez me disse: ‘Engenharia não é coisa de mulher, não. Você nunca vai passar. Esquece’”, conta Júlia.

Para Giovanna, a falta de exemplos na ciência é uma barreira para mulheres se interessarem e continuarem na profissão. “Só tive uma professora na Civil, em três anos de curso”, diz. “É muito difícil se espelhar nas pessoas aqui. Além de ser um ambiente hostil,nós nem temos muitas professoras para nos identificarmos”. No Instituto da Física, onde 23% dos ingressantes de 2016 são mulheres, fotos de cientistas inspiradoras foram coladas nas paredes. Na porta ao lado, Annie J, Easley (1933-2011), engenheira de computação da Nasa.

Com a repercussão dos cartazes do Politécnicas, outras manifestações do tipo surgiram. Ainda na Física, papéis colados ao lado do bandejão denunciam o assédio sofrido por estudantes em sala de aula. As frases foram ditas por professores e muitas delas tem conteúdo machista.

No Instituto de Matemática e Estatística, o coletivo feminista Existimos faz encontros semanais para discutir questões de gênero e falar sobre as dificuldades cotidianas. Também organizam debates e eventos sobre o assunto esporadicamente. “Sentíamos que éramos minoria e que precisávamos unir nossas forças para que nos ouvissem”, contam.

Você já parou para ver quantos livros escritos por mulheres há nas estantes das bibliotecas? Para Renata Rosenthal, mestranda em ensino de ciências e participante do coletivo, a representatividade é um importante passo para incentivar mulheres na área. “É necessário que as crianças saibam que existiram muitas mulheres cientistas importantes ao longo da história. Pouco a pouco os estereótipos podem ser quebrados, mas é um longo caminho”.

“Sem essa representação, as meninas não tem interesse [em ciência] e vão para outras áreas”, diz Marisa Cantarino, mestranda em Matemática Aplicada, sobre a pouca entrada de mulheres no campo. Já sobre a permanência, Marisa sugere “maior flexibilização com relação a gestação e maior estrutura para mães”, mas lembra que “está difícil para qualquer pessoa seguir carreira acadêmica, independente de gênero: poucas bolsas, sem reajuste, sem perspectiva de ter uma carreira”.

Fonte: Jornal do Campus

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